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“Comerse el mundo”– Parte III

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Depois daquele festival inicial, passamos à etapa seguinte, com uma seleção de cinco pratos, o último deles com duas opções.

Começa com um Timbal de manzana y foie gras con aceite de vainilla.  Em época de maçã, pratos com maçãs. É uma receita clássica que poderia ser confundida com sobremesa, mas não é. Costuma ser servida na noite de Ano Novo. Em pesquisa que acabo de fazer, encontrei a própria receita do Chef Joan Roca, da qual existem pequenas variações, inclusive diferenças de temperatura de cozimento. Se você puser o nome do prato no Google, encontrará outras semelhantes.

8855 CAN ROCA TIMBAL

Com este prato, foi servido o vinho Ariyanas Seco 2011 D.O. Málaga, produzido pelas Bodegas Bentomiz com uvas Moscatel de Alexandria. O nome do vinho deriva de uma aldeia próxima à vinícola, da época da ocupação árabe. Aryanas em árabe significa “aromático, perfumado”, em virtude da existência de ervas aromáticas e flores nas colinas da região de Axarquía, em volta da vinícola. Já recebeu varios prêmios e é considerado um dos grandes vinhos brancos do país.

O prato seguinte foi um Parmentier de calamares con pimentón rojo ahumado y caldo de calamares. Encontrei receita parecida, mas não igual, na página da Via Magna, Escola de Hotelaria e Turismo situada na cidade de Tortosa, em Tarragona. Eu que não sou muito fã de calamar (lula), fiquei surpreso com a delicadeza de texturas e sabores do prato.

8857 CAN ROCA CALAMARES

 

Este prato foi acompanhado de um vinho Dorado 2005 D.O.C. Vinhos Verdes (Alvarinho Superior Minho Dorado 2005, produzido pela vinícola Quinta do Feital). O vinicultor galego Marcial Dorado, que produz “albariños” na região de Rías Baixas, atravessou o Minho e faz “alvarinhos” em Portugal, numa região conhecida por seus “albariños” de qualidade superior à dos de Rías Baixas. Trata-se de um vinho delicado, com notas florais em que predomina o jasmim. Marcial Dorado é do tipo perfeccionista e seu produto é resultado de safras limitadas. As uvas são colhidas manualmente e passam por triagem meticulosa. Este vinho costuma figurar, em suas diferentes safras, entre os cem melhores, em diversas listas.

O terceiro prato foi Lenguado a la brasa con aceite de oliva virgen, hinojo, piñones, bergamota y naranja. Googleada a receita, encontrei esta, que indica inclusive que seria a do próprio restaurante. Na imagem abaixo e em ordem, de baixo para cima, temos os molhos de inojo, bergamota, naranja, piñones e azeite de oliva.

8858 CAN ROCA LENGUADO

 Este prato foi acompanhado do  Rocallis 2008 D.O. Penedès, produzido pela vinícola Can Rafóls dels Caus. Trata-se de um vinho branco fresco, aromático, produzido perto de Barcelona em uma das vinícolas mais bonitas da região. Observe na web dessa vinícola que eles alugam uma casa que se encontra na propriedade, para fins-de-semana ou temporadas. A casa tem 3 quartos e comporta até sete pessoas. Na estação baixa, de outubro a final de maio, são apenas 30 euros/pessoa/dia, sem café-da-manhã.

O quarto prato foi um Salmonete relleno de su hígado con caldo de sus espinas, ñoquis de patata, naranja, perifollo y azafrán. Este não tem receita encontrável. O salmonete é um peixinho saborosíssimo. O original do Mediterrâneo está ficando cada vez mais difícil de encontrar. Entretanto, o salmonete do Atlântico que encontrei na Argentina é tão ou mais saboroso.

8860 CAN ROCA SALMONETE

O salmonete foi acompanhado do vinho catalão Carles Andreu 2010 D.O. Conca de Barberà, um tinto elaborado com a uva ‘trepat’, cepagem autóctone. A colheita e triagem são feitas manualmente; as videiras têm mais de cinquenta anos. Tanto o ‘cava’ quanto o vinho servido no jantar costumam figurar entre os melhores de cada ano, com pontuação elevada.

O prato seguinte permitia a escolha, entre dois. Cada um de nós optou por um deles, e assim provamos ambos:

Cordero con pan con tomate, puré de ajos escalibados, salsa de cordero con aceite de oliva. Em minha opinião, este prato venceu o melhor cordeiro que havia provado até agora, em um restaurante parisiense que tinha um “carré d’agneau” fantástico.

8863 CAN ROCA CORDERO

Cochinillo ibérico con melón, naranja y remolacha. Um leitão finíssimo, com uma capinha fina, crocante e de um sabor inigualável.

8864 CAN ROCA COCHINILLO

Ambos foram acompanhados à perfeição do vinho catalão Torroja 2011 D.O. Q. Priorat.  A região de Priorat está próxima à cidade de Tarragona. Torroja del Priorat é minúscula, com apenas 250 habitantes e a denominação de origem Priorat tem grande reputação por sua qualidade e suas origens remontam ao Século XII.

Contando o ‘cava’ servido no início, observem que quatro dos seis vinhos da seleção de Josep Roca são da Catalunha. Os outros dois são de Málaga e do Norte de Portugal. Todos estão na faixa dos quase trinta euros a garrafa, o que não é considerado nem barato, nem médio aqui. Na hora de traduzir isso em reais, calculo que devam ser preços muito razoáveis, por sua alta qualidade. Com os pratos servidos, estiveram perfeitos.

Na continuação, trataremos das sobremesas.

 

 


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